Se você ainda não teve a chance de ver a Aurora ao vivo, deixa eu te contar: você está perdendo algo realmente único. Fui ao show dela no Espaço Unimed, em São Paulo, neste último sábado (16), e é difícil até colocar em palavras o quanto a experiência foi, ao mesmo tempo, mágica e intensa.
Já tive a oportunidade de ir a vários shows da artista norueguesa Aurora, inclusive sua primeira passagem pelo Brasil, em 2017, com a divulgação do álbum All My Demons Greeting Me as a Friend (que, sem dúvidas, é o meu álbum favorito). Desde lá, sigo encantada com a artista e com a pessoa que Aurora é. Ela tem uma energia diferente, algo que não sei explicar muito bem — é como se ela fosse além de tudo o que já conhecemos.
Como abertura do show, apareceu uma projeção dela, com aquele olhar profundo, parecia que ela estava olhando diretamente para a gente. E ela simplesmente manda um “Hi” com uma simpatia que faz a gente sentir que o show é um papo entre amigos. E claro, o coro e os gritos chegam ao tom mais alto possível. A partir daquele momento, já sentíamos: estávamos prestes a entrar no mundo mágico e complexo da Aurora. E, então, começa Churchyard.
O show em si é uma verdadeira montanha-russa emocional. Aurora tem essa capacidade de nos levar de momentos de paz e calmaria, onde você se sente numa floresta encantada, para momentos poderosos, que fazem você querer gritar como se fosse parte de uma tribo e dançar com ela. Como um filme de fantasia. A impressão que dá é que você realmente entrou em outro mundo, um lugar que só a Aurora consegue criar, e você só quer estar lá, imerso nesse universo dela.
O público, claro, estava completamente entregue. Era lindo ver tantas mulheres dançando descalças, com vestidos longos e leves, maquiagens inspiradas nela, e algumas até com asas de fada. Cada palavra da Aurora parecia mexer com todo mundo, e o lugar se transformou em um espaço onde todos se sentiam livres para ser quem são, sem julgamentos.
Quando começou The River, o arrepio tomou conta do corpo, ainda mais com sua voz celestial, especialmente porque essa música nos incentiva a abraçar nosso lado sensível e todas as emoções que vêm com ele. Toda a sua banda é de um talento puro, que faz o show de Aurora ser o que é.
A setlist passeou por todos os álbuns, e pudemos ouvir várias músicas do seu último álbum, What Happened to the Heart, lançado neste ano, como Echo of My Shadow, A Soul With No King e Starvation — que, aliás, traz uma sonoridade diferente do que estamos acostumados com a Aurora. Uma vibe electropop com um grito de guerra que funcionou muito bem ao vivo, e não teve uma pessoa que ficou parada.
A surpresa da noite ficou por conta de Queendom, uma música que não estava na setlist oficial e que, ao sair de casa, eu já estava quase chorando por achar que não ouviria essa música naquela noite. Quando ela anunciou que não queria ir embora e começou a cantar, pensei: ‘Essa foi pra mim’, como todo fã faria.
E a conexão dela com o Brasil é outra coisa que me impressiona a cada show. Ela fala português melhor a cada ano, se joga na língua, faz piadas, conta histórias… Parece até que ela já se sente em casa por aqui, como se a gente fosse família. Neste ano, inclusive, ela parecia mais à vontade do que nunca, e a interação foi ainda mais especial. Após os fãs iniciarem um coro de “Aurora, eu te amo”, ela respondeu em português: “Muito obrigada, eu te amo”, com os olhinhos marejados de gratidão. E completou: “Vocês são perfeitos, vocês são lindos… Vocês são os meus guerreiros e guerreiras”, e ainda deu uma requebradinha que pareceu muito bem ser uma referência aos funks brasileiros.
Mas o que realmente me marcou foi o momento de Cure for Me. Quando ela levantou a bandeira LGBT, não foi só um gesto simbólico — ela fez questão de dizer que “Eu não preciso de cura, ninguém precisa de cura”, que o show ali é um “lugar seguro para todos” e que podemos ser quem realmente somos. Isso, para mim, foi uma das partes mais especiais da noite. O público foi à loucura, claro, pois Aurora tem esse poder raro de fazer cada um de nós se sentir visto, acolhido e celebrado, sem exceção.
O show se encerrou com uma das suas músicas mais famosas e icônicas, Running with the Wolves. Quando ela se despediu, ninguém queria acreditar que já tinha acabado. Afinal, foram apenas 1h30 de show para um público que com certeza ficaria lá por muito mais horas.
Se você tiver a chance de ver a Aurora ao vivo, não pense duas vezes. O show é uma imersão em um mundo de fantasia, amor e aceitação. Aurora não é só uma artista; ela é uma pessoa que espalha luz por onde passa. E, se ela quiser, terá sempre um lar no Brasil.
@cometobrazilof Eu nao sei lidar com essa mulher e o jeitinho brasileiro dela. 🤍🧚 #aurora
♬ original sound - cometobrazilof
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Agradecimentos à equipe da Aurora, Trovoa e 30e.